Parto Positivo – Parte 1

Estou grávida do meu primeiro filho e todas as vezes que alguém me vê e nota que já está pertinho do bebê nascer, me perguntam:

_ Você está nervosa/com medo/preocupada/ansiosa com o parto?

E a minha resposta é:

_ Não, estou tranquila!

E a réplica:

_ Ah, mas é que você não passou ainda… Quando começarem as dores… Aproveita agora que depois você vai ver…

E não apenas de mulheres que foram mães, as que nunca tiveram a experiência de estarem grávidas também têm o mesmo discurso. E eu entendo. Mas não concordo.

Minha mãe me conta sempre que converso com ela como foram traumáticas suas gestações, a minha e a da minha irmã. Ela conta que tinha medo por não saber como que uma criança tão grande iria sair dela. E eu entendo. O desconhecido é algo assustador, não tem como ter paz se você não sabe o que vai acontecer. Quando tudo o que te contam é que você vai sentir a pior dor da sua vida (a dor da morte, algumas já comentaram), todo o seu corpo vai ativar-se em defesa para evitar que você morra. Inconscientemente, todas essas histórias vão minando das mulheres a alegria de gerar vidas.

Desde criança eu queria ser mãe. Não era fã de bebês, nem sabia segurar um bebê direito, não era divertido passar tempo com aqueles seres berrantes e esquisitos. Eles nem conversavam, só choravam, sujavam fraldas, queriam mamar. Mesmo assim, eu sabia que um dia queria ser mãe. Queria me casar, ter uma família estável, e por que não, grande?

Cada coisa a seu tempo. Estudei, fiz faculdade, mestrado, arranjei emprego, casei.

Agora sim, posso ter meus filhos. E tive medo. Sim, eu tive medo porque é normal ter medo do desconhecido. Então, como eu perco o medo de ter filhos, dado que eu quero mas estou com medo?

Procuro saber como é ter um filho.

Se as mulheres têm filhos desde que Deus criou o mundo, porque é que hoje parece ser algo tão alienígena? Não é possível que houvessem tantas complicações no passado como parecem existir hoje. Será que não perdemos alguma coisa no meio do caminho, alguma informação básica que nos ajudaria a entender e passar mais tranquilamente por esse processo que é a gestação?

Dou graças a Deus pela internet, e glórias ainda por ter pessoas amáveis que se dispõem a ensinar a verdade para outras, que nem conhecem, pessoas que publicam seus testemunhos, experiências e mostram que sempre há caminhos melhores para tudo.

Li artigos na internet mostrando como a gravidez é um processo completamente natural, que os corpos das mulheres foram desenhados para isso. Sim, existem exceções, mas como já se sabe, são exceções, não regra. Não precisamos pensar para fazer nossos corações baterem, nossos pulmões movimentarem, nosso fígado distribuir o sangue, da mesma forma que não precisamos pensar em como vamos formar cada pedacinho deste novo ser humano dentro de nós.

Deus faz tudo perfeitamente, conhece cada detalhe. Assim como Jesus diz que a preocupação não nos fará ter um côvado a mais, a preocupação não nos fará ter filhos mais saudáveis. Participamos no processo de criação de uma nova vida com Deus, dando a ele gratidão, cuidando bem de nós mesmos, nos alimentando com comidas de verdade, nos movimentando com qualidade. E ele faz tudo. O processo do nascimento é apenas uma transição, se ele cuida de tudo antes e depois, porque não cuidaria de um passo tão simples que é a transição entre o ventre e o mundo fora?

Você pode pensar: ah, você diz isso porque sua gestação está sendo tranquila, não há riscos para você nem para o bebê, está tudo bem, assim fica fácil…

Muitas mulheres passam por problemas na gestação, cada corpo reage de uma forma. Quando eu estava nos primeiros meses, comecei a enjoar e ter reflexos de vômito. Se tinha uma coisa que eu odiava que acontecesse era vomitar. Eu me segurava de todas as maneiras para evitar que isso acontecesse, e parecia que quanto mais eu me segurava, mais reflexos tinha. Sem comer, comendo, bebendo água, dormindo. Não tinha um padrão. Até que um dia eu pensei: lutar contra isso não vai me fazer melhorar. Vou viver cada dia, um dia de cada vez. Se hoje fiquei bem, comi, ou se não, tudo bem. Vamos vivendo um dia de cada vez.

Assim, ao invés de me desgastar com uma luta dizendo: não quero isso na minha vida, eu comecei a observar o que acontecia ao redor. Notei que a ansiedade de não conseguir trabalhar por estar passando mal me deixava mais enjoada. Percebi que não respirar ar puro me deixava mais enjoada. Percebi que determinados alimentos, cheiros, movimentos, me faziam enjoar. E tendo esse conhecimento, comecei a buscar formas de evitar as causas. Aprendi técnicas de respiração para acalmar-me quando ansiosa, li que era muito comum os enjoos enquanto a placenta não se estabelecesse, porque os níveis hormonais estariam muito alterados (ou seja, aquela situação tinha um prazo de validade). Conhecimento nessa fase me ajudou a me tranquilizar e superá-la.

Aos quatro meses e meio parei de vomitar, e aos cinco, já não tinha enjoos, mesmo ficando algumas horas sem comer. Então decidi pesquisar sobre tudo. Todas as minhas dúvidas, e até aquilo que eu nem imaginava que não sabia. Vi vídeos do que fazer e do que não fazer na hora do parto. Como manter a postura durante a gravidez para facilitar o posicionamento do bebê. Quais são as fases do parto, que sensações se têm em cada uma delas. O que está acontecendo no meu corpo em cada momento. TUDO ISSO ESTÁ DISPONÍVEL PARA QUEM QUISER, basta buscar.

Agora, você pode ter toda a informação do mundo. Se você não acreditar nela, não adianta. E mesmo que acredite, pode acontecer diferente com você. Cada pessoa é única. O que me motiva e tranquiliza é que Deus sabe de tudo, ele controla tudo, e nos ama. Na hora do meu parto, quero lembrar de tudo o que aprendi sobre ele, quero relaxar e deixar Deus cuidar de todos os detalhes, como ele sempre faz.


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